sexta-feira, 8 de maio de 2009

Amália Hoje


Fados de Amália tornados em canções pop

No ano em que passa uma década sobre a morte de Amália Rodrigues, o projecto «Amália Hoje» propõe uma nova abordagem pop às canções eternizadas pela grande diva do fado.
Pegando nos fados cantados por Amália e actualizando-os para a linguagem musical de 2009, Nuno Gonçalves foi o responsável pela composição e arranjos do disco. O músico explicou ao IOL Música que a intenção principal foi «pegar em nove canções, regravá-las com novos arranjos e torná-las um pouco mais coloridas».

«Amália saberia cantar The Gift»
Sónia Tavares, companheira de Nuno nos The Gift, é uma das vozes de «Amália Hoje» e foi a primeira a aceitar o desafio. «Eu sabia que não ia cantar o fado. Logo, fiquei mais descansada, porque não sei cantar o fado. A Amália, se calhar, saberia cantar o "Ok! Do You Want Something Simple?" - eu não sei cantar a "Gaivota" da forma como ela a cantou», disse.
A cantora acrescentou que nunca tentou aproximar-se do registo vocal de Amália: «São dois pólos completamente distintos. Tentei, sim, aperceber-me dos sentimentos e interiorizá-los, mas distanciar-me da forma de cantar, até porque isso seria impossível».
Paixão e irreverência nas vozes masculinas
Fernando Ribeiro (Moonspell) e Paulo Praça (Plaza, ex-Turbo Junkie) completam o trio de vozes de «Amália Hoje». Registos e projectos distintos, mas que se fundem num disco com «orgulho no passado» e que «aponta para o futuro».
«Eu queria que o Fernando trouxesse a paixão pela poesia, a intenção com que ele canta as palavras e também a inteligência com que pensa a música dele. O Paulo Praça, [convidei-o] porque não queria centralizar este disco em Lisboa. Ele vem do norte, de Vila do Conde. É um camaleão pop e achei que seria interessantes trazer essa irreverência para o projecto», contou Nuno Gonçalves.

«A primeira grande artista pop em Portugal»
«Gaivota», «Grito», «Foi Deus» e «Formiga Bossa Nova» são alguns dos temas apresentados com uma sonoridade actual, ou não fosse Amália considerada «a primeira grande artista pop em Portugal».
«Ela cantava em todas as línguas, actuava em todos os países, ia aos melhores programas de televisão do mundo, adaptava-se aos mercados, viajava como ninguém... Ela fazia vida de artista pop. Balizada, obviamente, por esse estilo de guitarra portuguesa e xaile nas costas, mas ela tinha muito mais de pop do que propriamente de fado», defendeu o músico.

Possibilidade de concertos antes do final do ano
Quanto a actuações ao vivo, os Hoje não têm, para já, quaisquer datas marcadas. A realização dos concertos dependerá das agendas de cada músico e da receptividade do disco junto do público. «Amália Hoje» estreou-se esta semana no top de vendas nacional, entrando directamente para o primeiro lugar. Um bom pronúncio, portanto.
«O palco é, obviamente, o passo seguinte. Este foi um disco difícil de gravar e requer uma produção gigantesca para o pôr em palco. Eu não vou prometer nada, mas acredito que é possível, até ao final do ano, ver os Hoje e este disco "Amália Hoje" ao vivo», revelou Nuno Gonçalves. (in IOL)